terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Eu sofria. Agora sou fria.
o mesmo gesto desfez lembranças
circunstâncias criam amalgamas vogais
corpos de giz em trilhas descartáveis
em instantes avançam-se os arcos
e o lusca-fusca faz a esperança
meus cachos nos antigos cachos dele.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

halloween

É isso é que dá. Essa mania de trazer tudo de fora pra cá. Hora do cafezinho é coffebreak, aquilo que está nas cabeças é top of minds, qualquer simples sim vira yes e vai se foder é fuckyou.
Luis Claudio já era bem grandinho. Já havia se formado no curso de Ciências da Computação, e com o salário de iniciante na ANATEL já conseguia pagar tranquilo a metade do aluguel do apêzinho que dividia com Artur, seu companheiro dos tempos da faculdade.
era grandinho, mas mesmo assim, como uma mundana espera ansiosa o carnaval, ele esperava da mesma forma, todos os anos, o Halloween. Esse ano não foi diferente e, assim como um bom carnavalesco um mês antes da farra já tem sua fantasia brilhando, reluzente na cabeça, se não nas mãos, com Luca e o Halloween era assim também. Esse sabia bem o que fazer. Eram bem elaboradas suas vestes. No ano passado mesmo ele foi de Vampiro-Feliciano.
Passou a semana inteira pulando. Indo de loja em loja, do CONIC ao Guará e a algumas cooperativas de reciclagem.
A festa seria no Lago Sul mas no caminho buscaria no aeroporto JK sua namorada. Adelaide, que depois de ter terminado seu curso de pedagogia na UnB voltara para Niterói, sua terra Natal.
Luca foi pontual mas o vôo não. Santos Dummont é sempre embaço, pra chegar ou pra sair. Luca desceu do carro e se dirigiu ao guichê da empresa aérea. Luca não conseguiu, porém, chegar ao seu destino pois sua fantasia era tão boa e bem bolada, mas tão boa e bem bolada que ao seu terceiro passo, toda a força tática já estava ao seu redor. E de nada adiantava Adelaide gritar ou espernear, nem tentar explicar, de burca fantasiada. Teriam que desarmar o homem bomba no salão de festas da Polícia Federal.
ANdar ANdré dANiel mANgiare dANças LeANdro ANaflor ANacrônicas leoANrdo ANjo mANso descANço engANo ANo ANus ANa  gANço gANgorra dANte diANte diamANte lANça pANça espANca esperANça fernANdo zANzar amANhã cANto, prANto

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

vai em paz. Fica bem. vai ficar tudo bem. Mas infelizmente terei que te tirar da minha lista de orações. Terei que te esquecer para deixar de te amar. Não sei fazer de outra forma, então transformarei amor em ódio, como atitude de primeiro passo. Alguma coisa tem de ser feita.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

presente

Dessa vez eu fiquei bem preocupado. Casa suja, chão sujo, uma pilha de roupa pra lavar e atenção zero pra mim. Minha diva, soberana, magnífica estava realmente mal. Pra mim ela era quase um auto-retrato do Van Gogh de tão triste em si que estava. Uma pintura. Parada e calada. Eu só sabia que ela ainda estava viva porque a torneira da sofrência estava ligada e, mesmo que com a falta de água já alarmante, algumas gotas aleatórias ainda caiam de seu rosto. E também as muriçocas ainda estavam ali guiadas pelo gás carbônico que saía de sua, tadinha, já fraquinha respiração.
Não comia, não dormia, não bamboleava e nem cantarolava aquelas canções que esquentavam todos os órgãos dos que por ali andavam. Quando ela estava deveras quente, em meus passeios solitários, eu ainda ouvia sua canção circulando pelas ruas do bairro. A única coisa que eu a via fazendo, vez ou outra e, a cada vez que o fazia mais triste ficava, era baixar levemente os olhos e olhar para o telefone, que à essa altura já era membro agregado à mão. Eu que mal sabia o que era esperança, tinha muitas dúvidas se isso era bom ou ruim e isso tudo parecia me contaminar.
Foram alguns dias assim e uns três telefones jogados na parede. Algumas vezes tocou a campainha e nenhuma delas ela a atendeu... Muitas vezes tocou o telefone, mas só nessa última, minha diva resolveu atender. Será que tinha a ver com aquela esperança? Não sei. O que sei é que ela enfim sorriu. Ela se lavou. Ela é linda! E mesmo que ela tenha saído assim,  sem ao menos me dar um tchauzinho-até-logo, eu me senti feliz por isso. Ela estava bem!
Passou um dia, ela não voltou. Ela também é livre. Acho que é isso que me faz gostar tanto dela. Eu senti fome, mas fui me virar sozinho. A rua sempre me foi generosa.
Passaram-se três dias e tive uma visão em um dos meus cochilos da tarde. A vi sorrindo. Sorrindo com um homem sorridente, forte, cabeludo. Me lembrou um leão. Nunca a quis tanto do meu lado como quando acordei daquele pesadelo. Será que ela também tinha fome?
Nesse momento não tive dúvidas, fui puro instinto. Quinze minutos até encontrá-lo, mais uns cinco camuflado (costumam dizer que isso só eu sinto o efeito) e mais dois ou três saltos. Issa! Tinha um ratinho gordo e novinho, entendesse, bem gostoso, suculento e macio, em minhas presas. Presente melhor, em terra não haveria. Se tivesse em mar eu buscaria pra minha dona. Mentira. Odeio água, mas se falasse a língua dela, diria a ela que buscaria o que fosse, fosse no mar, fosse no céu, para seu deleite ou felicidade. Eu tinha esperança! Essa oferenda, esse presente a traria de volta.
Caeto Melo
Deixei meu regalo bem ali no tapetinho de boas vindas. Bem que tentei fazer um laço, mas não sou bom com fios, eles acabam me atraindo de tal forma, que quando eu vi, estava tão enrolado no fio quanto em meus pensamentos por minha amada Donna. Não demorou muito e ela voltou. Contente, não tão contente, mas voltou e se deparou com minha incrível surpresa.
E agora enquanto Donna me xinga de filho da puta e se pudesse me matava, na minha devoção pela minha diva, sigo. Tudo o que eu quero é amá-la e alimentá-la, assim como muitas vezes, sempre, me fez e faz. É recíproco, nos amamos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Não piso em ovos.
Não piso em diamantes.
Folhas secas
nostalgia
Enterrada.

Hoje piso em Flores e Calos
Flores pequenas e Calos amarelos.
Inverta a ordem. Adicione ou subtraia factos.
Liberdade!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Foi só um mau jeito no coração. Jajá passa!

L'ultimo regalo

Não quero mais meu coração!
Leva, ele é todo seu.
Pra mim não tem mais serventia
e pode a ti ser precioso.
Pode te servir de step do amor:
Ache uma caixinha delicada
como aquela em que com carinho
guardas aquelas suas pedrinhas da alegria,
guarde nela o que te entrego
e ainda coloque alguns adornos.
Guarde com estima
e nem precisa trancar, é teu.
Quando sentires a vida amarga
lembre-se, meu coração é doce
nunca guardou consigo
uma mágoa nem rancor.
E quando seu harém embora for
ou estiverem ocupadas
todas essas suas senhoras,
podes usar o step do amor.
Ele saberá como ninguém
te dar o carinho que precisas,
em qualquer um dos polos que for,
abra a caixa, tem calor!



"... e me mandou o primeiro coraçãozinho no momento em que terminamos. Achei de uma compaixão sem tamanho."
"... e me mandou o primeiro coraçãozinho no momento em que terminamos. Achei de uma compaixão sem tamanho."

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

sei que vim

sei bem de onde eu vim.
e não é o lugar do por favor.
é um lugar de faz tempo,
de quando o vento vira fogo
e as coisas acontecem
porque têm de acontecer.
são tecidas na convivência
e não tem certo nem errado.
culpado não é enterrado,
pois culpa não nasce.

vim do ventre de todos os mares
pequenininha, caminhando sobre as ondas.
vim feita de ar.

do tempo que vim
ninguém manda em ninguém;
obedecemos a natureza.
caçamos, casamos, cantamos e somos voz.

venho do tempo em que a vida é generosa
e lá somos todos também.
no tempo que eu vim dele, amor não se nomeia,
não é perdão, não é razão,
e muito menos causa dor.


nesse tempo que agora sou,
estou sem saber estar.
perdi minhas asas no caminho
e  no novo busco a chave da porta secreta,
onde detrás estão escondidas
as asas de todo meu povo.

identidade

com tudo que é de sofrer
eu to me identificando
me sinto a cara da derrota
sempre perdendo
esquecendo de vencer
quando acho alguma coisa
é incerteza ou confusão

com tudo que é de amor
sempre me identifico
também de um amor que é egoísta
e nada tem com compaixão

que tudo que é saudade
faço de mim isso que é
um ser sem presente ativo
que já conhece o lugar da angústia
e nele se acomoda ainda,
com luxuosidade e despojo plenos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

porque assim fica difícil
lembro de ti em cada movimento banal
me lembro de ti ouvindo rage
me lembro de ti fumando o 16:20
lembro de ti chupando alguém
e batendo uma então... inevitável
lembro de ti ao ler a bíblia, vê se pode
lembro de ti no carnaval
lembro de ti comendo carolinas, e quando outrém as come também
me meto em meditação
quando não tem barulho, quando já temos um silêncio de paz, conseguimos ouvir os grilos
aí me lembro de novo
e a cada vez que minha voz pode ecoar no ar,
é de ti que me lembro e de quando ainda esperava tuas respostas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

e daria certo,
eu atéia
ela crente 
eu plebéia
ela rente
e deus entre nós,
três: santíssima voz ?

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Atropelada pelo amor
No mesmo asfalto
De se fritar
ovos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

esse não sou eu

eu não bebo coca cola
eu não como bicho morto
eu não minto
e nem agrido as pessoas.
ó, céus,
esse não sou eu!
entendi; sou uma versão.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Conselhos, consertos, concertos e pequenos serviços manuais.

primavera carioca

Jasmins
Fosforescentes
Na Saens Peña.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sonhei contigo distante
de chapéu verde panamá
e camisa verde também verde

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Passatempo


A tempestade passou. O sol brilha e com o tempo a sombra vai passando, muda daqui para ali, modificando suas formas e alterando identidades. Também mudam as flores, as folhas, os papeis de balinha e os santinhos dos candidatos. Também mudam daqui para ali toda vez que o vento passa. As crianças brincam na rua, que agora é de terra, mas não se sabe bem se é de terra ainda ou é terra . Elas, as crianças, quase nunca passam, elas quase sempre estão.

Passam dias de sol. Passam dias de chuva. Os dias passam. As moças, de saia ou shorts, passam. Latas d’água em cabeças descem e sobem o morro sem um interrupto momento, e também aqui não se sabe dizer quando cheias ou vazias.

Nos pés, o que mais passam, de couro, plástico ou meia, são as bolas. Passam e quase despassam de tanto que passam. E os meninos que as transpassam têm nas vidas as idades das crianças. Nove, Seis, Três. Cinco, Quatro e Doze. A menina tem 10 e é cada passe! São todos sem camisa e a menina é também. Têm seus semblantes felizes, mas alguma coisa nítida em todos os olhos tira toda possibilidade de tranqüilidade plena. Estão ali brincando, e é a vida que segue. Ali se aprende a cair e  levantar.

Passam passos, passistas, sambistas e a banda que fala amor. O jardineiro e a flor. O bonde, o motorista e o cobrador. Tudo passa. Trans passa, frutinha passa, machismo passa.

Passa o Tucano, o Bem-te-vi e a Sabiá. Andorinhas trazem verão. Pássaros em bando voam em revoada. Passarinhos.

No meio dia ou alvorada, crepúsculo ou madrugada passam por ali todos os planos do sistema.
Marechais, Generais, coronéis. Tenente, Major, Capitão. Cabo de cabo-a-rabo e os que são aspirantes. Aviões são as estrelas passando.
Bala de AK pra cá, bala de AK pra lá, papeis de balinha do chão e são mileduzentos tiros atirados por cada homem da lei, a cada minuto que passa, e nesses cada “um minuto” são alcançados dezoitomil raios de metros para se alvejar. Tudo agora passa num piscar de olhos.
No lugar onde se aprende a cair e levantar, três daqueles meninos, que tinham nas vidas as idades das crianças, caíram mas não levantaram. Passa sempre a guerra.

A tempestade passou. O sol brilha e com o tempo a sombra vai passando, muda daqui para ali, modificando suas formas e alterando identidades. Também mudam as flores, as folhas, os papeis de balinha e os santinhos dos candidatos. Também mudam daqui para ali toda vez que o vento passa. As crianças brincam na rua, que agora é de terra, mas não se sabe bem se é de terra ainda ou é terra . Elas, as crianças, quase nunca passam, elas quase sempre estão.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

As vezes eu me sinto 
e como (!?)
A Princesa das Ervilhas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015


Pensei em ser poeta morto.
Assim só viveria em poemas bonitos.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Papadrusco

fugiu, meu papagaio
naquela última ilha
na noite escura magia
voou ele do galho

La si fa mi papagajo

acho que cansou de mim
pirata embriagado
grosserias e afago
mas que tem amor sem fim

ferrado com ferro em brasa
...

Todos os lugares (Saens Peña)

Em Botafogo
Ou na praia dos lençóis
Te amar na linha do trem
Difícil não é impossível
Esquece o dia de amanhã
E vem
Me amar em tempo real
(Música cresce _ pew pew)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Ode à mescalina

Da possível perfeição
Em cada nota sentida,
De nossos corpos se mesclando
Trocando carícias espirituais,
Ao não desperdício do agora,
Em único graal, um brinde!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

um pouco sobre o amar

Muitas vezes, quando a gente está em crise, no auge de uma decepção amorosa, pensamos, com bastante nebulosidade, que devemos mudar o foco do pensamento, e parar de pensar em amor.
Eu aqui comigo mesma, penso que essa é a maior besteira a ser feita. Só o amor liberta. Só o amor salva. É pelo amor que encontraremos a leveza divina.
Se faz importante assumir a importância de companheiros ou de companheiras. Que nos amem e nos respeitem. (E se em algum momento nos desrespeitarem, esclareçamos, e saibamos também , que isso é um problema que o outro vai ter que resolver consigo. Podemos ajudar, mas é a missão do outro tal entendimento e transformação.) Mas é da mesma importância se respeitar e se reconhecer, e reconhecer quais são os sentimentos produtivos e quais são os que não são produtivos. Alimentar sentimentos de posse e de ciúme não é aconselhável. Rasga, destrói, dói e faz sofrer. Duro trabalho do dia-a-dia, que vai ficando mais mole quanto mais presente é.
Se respeitar inclui com toda a clareza o perdão. Se perdoar, lá dentro, lá no fundo, de todo o mal que já fizemos a nós mesmas, nos machucando, ferindo, punido. Foi muita exigência do eu para o eu.
Se aceite. Aceite o que o universo veio lhe falar. Veio lhe proporcionar inúmeras verdades e possibilidades.
Esteja pronta para amar, amiga. Ame!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Contagem negreciva

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O bote

Quando na linha do horizonte se vê o amor ao mar,
(Ele é cheio de emoção)
Ele preenche
Ele invade
E transborda a felicidade
Que rebate e bate na pedra,
Confiante e violento.
Quem aqui espera vê
E confirma sua chegada:
"Ele vem me buscar remando,
E debaixo do céu os encontros são divinos,
Ele só pode ser maluco,
E tudo pode acontecer."
A moça bonita que espera, agora é vênus.
É o vento ventando e fazendo esvoaçar
Sua cabeleira de linhaça,
entre negras e douradas,
Como as borboletas saltitantes
Do capote de Maristela.
São seus músculos se contraindo
E de súbito a boca se abre.
É uma vênus do ébano,
Uma oxum do quebra pote,
Exibindo uma linda arcada marfínica,
Deixando escorrer seu Cândido veneno lacrimoso
Provocando, assim, desejo imenso
aos transeuntes do cais.

Todos querem agora amar.

#oamorvemdebote

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Você veio e tomou meu coração em um só gole
sirene:
aí os caras batem pra caralho e mandam entrar na caçamba
sirene:
aí os caras tentam de tudo sem saber o que fazer pro quase morto viver
sirene:
aí o bedel manda todos entrarem e fique fiquem quietos
sirene: assalariado bate o ponto e deixa (ter >ser).

terça-feira, 2 de junho de 2015

quinta-feira, 21 de maio de 2015

mais um chá

Eram 18:27, a água fervia na chaleira,
mas ainda selecionávamos as ervas que caberiam naquele momento de extrema aflição.
Uma angústia tamanha
que só não se sabia muito bem de onde vinha porquê as fontes eram inúmeras
e em suas ramificações a confusão fazia estadia.
Ele um chá de morango e eu de lichia da china.

barba azul - a queda a destruição


a destruição não começou hoje
ela nasce de um momento feliz
nasce na ternura a destruição.

de um suspiro de gozo
e de um sorriso gostoso.

mate o Barba Azul!

tempestade intensa calmaria propensa

pesadelo, tosse: noite mal dormida
companhia esguia: susto
toca telefone: viagem cancelada
caracol: coração partido
(dominó: jogar com displicência)
amigo, compaixão: sonografia
meio dia: fome
auxílio negado: choro agora veio,
e se manterá por um mês
geladeira quebrada: técnico=diabo eu=cruz
espinha na bunda: dádiva luz.
divina luz.

pisar em bosta ou ser atingido por ela: relaxe, pura sorte.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O rasante do tempo real

Rasante sem começo nem fim.
Durante,
num surreal possível
universo paralelo,
tempo real voou.

Novamente pós Sol,
Lá Si Fá Mi papagaio.
(não vi mesmo se foi, mas prometeu voltar)
Aí Dó de quem perde um companheiro
e ainda vira Ré no juízo da saudade.

Inteiro nunca foi,
mas é certo o incompleto
(C)alado, quieto, seca,
sede cede e sente deserto.

Sonho secreto quando os doces todos não foram
comidos por formigas.
Arrenego de minh'âncora,
que no céu não brinca em nuvens.

O que vi já era terra
rua em rua
em cidades e vilas.
Terras ativas
semeadas flor em flor.

Pouso em pouso
tudo se refazia,
e procurando acordar suas trocas,
as identidades variantes,
no caminho de dentro pra fora,
surgiam a cada suspiro sugerido.

Rodar na roda
e um mundo de estórias ainda por contar.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Do tempo em que fui amante de um Pé


Fui seduzida por um pé,
no auge do outono ele nu.
Demonstrava um bom dote
e experiência a bastante.
Fomos com devagar,
com calma, passo-a-passo.

Me pareceu bem parceiro,
caminhando sempre junto,
firme, pé nu chão.
Sempre umas paradas
sem pé nem cabeça.
Mas pé nu chão.

Era impressionante como
me deixava aos seus pés
com os pés nas costas.
E de pé de breque que sou,
o que ele me falava ao pé do ouvido,
eu entendia ao pé da letra.
Com uma só pinçada,
eu, que era acostumada a dar no pé,
fiquei.
Ele gostava de samba,
e não era um pé de valsa.
Entrei sem saber se dava pé pra mim.

E era um pega no pé de lá
e um pega no pé de cá,
Que o que mais tentei evitar
foi o inevitável pé na bunda.
E de tanto pé na bunda
virou um pé no saco.
Foi um tiro no pé?

Não meti os pés pelas mãos,
e de repente, o pé de guerra
estava à um passo de se resolver
e avançar na caminhada.

sexta-feira, 13 de março de 2015

guiadas por um fio

promover uma conversa afiada.
que se fia na confiança.
na verdade que se pode ser dita de ser para ser.
pensando um jeito de tramar, sem que nós sejam feitos.
algo que se misture e nos forneça calor.
que esteja bem arrematado, mas que se caso queira desfazer,
é só puxar o fio, que com leveza se desenrola
e recomeça do começo.
um começo já vivido e outrora experienciado.
tramemos!

péra inda, vélo!

amor, meu dengo,

não vá agora,
espere ainda,
me ouça:
estou disposta a voltar
e partir do momento
em que comecei a me precipitar.
foi no nosso primeiro beijo,
três horas depois
de termos nos conhecido.
quero mais apertar sua mente não, velho.
fique.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

qual é o sentido de se fazer declaração em público pra quem não se faz pessoalmente?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

via 2 de julho

salvador me fode de quatro.
quer me foder e me fode de quatro.
fui bailar com o buzu,
e acredita, cabeça,
que ele pisou em meu pé?
não sabia dançar
e era muito grande pra mim,
mas sim, no carnaval
pouco importa e menos dói.
saí mancando, mas feliz,
e ainda saltitante.
pelada e saltitante,
preguiça e depois mar,
e ainda com uns penduricalhos,
independência!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

desprezo solidão

acabo de me lembrar
que já meia tarde é
acordei meia manhã
inda nem tomei café

cansou

tão mal. aqui em mim
e meu eu-lírico,
 cansado do eu
e de tanto sofrimento
na verdade farto
de tanto alimento
grita. explode. me toma
e ganha o mundo
mudando meu foco
tranquilizando meu ser em mim.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

chorei de tão eu agora estava

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

a minha vida em São Paulo (e não sei de quantos mais)

Aí as pessoas falam: "Acho que você tem que sair um pouco de São Paulo. Não sei. Tomar um ar fresco. Respirar de verdade sabe. Andar um pouco e dar um mergulho.Viver uma cachoeira! Entrar de baixo de uma queda.  Dá uma chacoalhada na vida." Dar uma chacoalhada na vida você tá querendo me dizer acordar? Tipo, alou, a vida está aí. Entendi. Tipo uma queda. Quedas fazem isso mesmo, mas não sei com que eficiência, meu corpo é um baú, que guarda relíquias em forma de cicatrizes literais. Tapas na cara também são ótimos despertadores, mas esses no sentido figurativo, e me parece que os tapas na cara que São Paulo dá na gente não são nada figurativos. Ela é agressiva, é autoritária. Vive nos dizendo: " E aí, vai ficar aí rolezinho? Andando de mão dada? Tocando um violão ou o quê?"
É muita coisa. É muita coisa atrapalhada na cabeça.
Acho que esses gazes conduzem à nebulosidade lógica. Depressão. Amigos que dizem que estão perto mas não estão. A cocaína. Ah, que bom que ela não existe mais em minha vida.
O amor. Não sabem amar. Não querem amar. São egoístas e não querem dar o que não tem.
E é isso que eu sinto. Me sinto envelhecendo em São Paulo. No mesmo esquema quatrocentão, sem criatividade. Me sinto cada vez mais parecida com a Brigite Bardot do Tom Zé. Velha, triste e sozinha. Velha para lançar o meu primeiro livro.
E se vivo no meio de um povo maluco e masoquista, também me sinto maluca e masoquista. E é claro que tudo isso não acontece só aqui, mas acho que a  falta de tempo que as pessoas tem para perceber o quanto importante é dividir e comungar, causada pelo excesso de devoção ao trabalho, a inveja, a cobiça, disfarçadas de ambição e garra. Isso se mostra bem mais claro e nítido aqui. Sem nenhum nível de astigmatismo que nuble isso aos meus olhos.
Fico triste que os grandes artistas não tenham conseguido amolecer esse coração acimentado. Foi isso. Chegaram com aquela maquinona medonha, um daqueles monstros típicos daqui, a bitoleira, essa grande o suficiente, que coubesse o todo o cimento para encobrir a Grande São Paulo.
Eu parei de culpar o mundo pelos meus problemas, mas não paro de culpar a São Paulo.

toque gourmet


um tanto cremoso,
mas envolto em um crocante
que a finalização me finda:
é um cara gostoso.

fonte nossa

ela é uma fonte de mistério
que eu adoro dar goladas.

alguns goles descem quadrados
e quase não descem.
e todos descem pra fonte.

nas vezes em que me engasgo
é por tamanha descoberta:
ela é molhada
me sacia.
sacia e banha o mundo.

a cada gole me surpreendo
e a cada descoberta um novo enigma
ela é uma constante caça ao tesouro.

preterida

não sei o que dizer quando os meus ideais se conflitam com o ideal de um ídolo. é um não saber profundo, cheio de sentimentos indecifrados. um não saber.
profundos, sentidos à um palmo abaixo da garganta. nesse chacra que mais parece um vazio de angústia.
angústia então é um vazio? angústia está presente quando se espera algo. esse presente que é o presente precisa de reverência! esperar algo é semente de frustração por uma resposta. receba vazio de sentimento e um cheio de "princípio e fundamento", tudo reconstruído, uma cópia fiel e descontextualizada.
nunca me senti pertencente à esse mundo. sou aquariana e sei que vim de Vênus. não consigo esquecer meu antigo paraíso. não e existia bem e mal e o amor, por ser inerente, não era nomeado. um mundo livre e coerente. depressão do eu aqui.
os seres daqui tem expectativa para com meu ser. tais expectativas não são sempre atendidas e o olhar é a repreensão.
já nem quero entrar no quartinho. no quartinho é onde a hierarquia impera, se faz acontecer de forma brutalmente brilhante. relações não horizontais eu tô fora. respeito aos mais velhos, mas não à tirania. relações verticais não. não. intenso, verdadeiro, e não superficial. verdadeiro. respeitoso.
não caia nessa de poder, meu velho. não caia. preterimento e preferimento e o castigo ainda existe. somos atuais é tão arcaico punir.
esse mundo cheio de ísmos onde a razão se anula pura e simplesmente por ser ísmo. machismo = feminismo. e a minha luta não é por igualdade, mas sim por reconhecimento e acolhimento de cada singularidade.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

depressão,
amor,
classe-média;

porque,
de certo que,
o tempo não passa lá fora.