segunda-feira, 30 de novembro de 2015

halloween

É isso é que dá. Essa mania de trazer tudo de fora pra cá. Hora do cafezinho é coffebreak, aquilo que está nas cabeças é top of minds, qualquer simples sim vira yes e vai se foder é fuckyou.
Luis Claudio já era bem grandinho. Já havia se formado no curso de Ciências da Computação, e com o salário de iniciante na ANATEL já conseguia pagar tranquilo a metade do aluguel do apêzinho que dividia com Artur, seu companheiro dos tempos da faculdade.
era grandinho, mas mesmo assim, como uma mundana espera ansiosa o carnaval, ele esperava da mesma forma, todos os anos, o Halloween. Esse ano não foi diferente e, assim como um bom carnavalesco um mês antes da farra já tem sua fantasia brilhando, reluzente na cabeça, se não nas mãos, com Luca e o Halloween era assim também. Esse sabia bem o que fazer. Eram bem elaboradas suas vestes. No ano passado mesmo ele foi de Vampiro-Feliciano.
Passou a semana inteira pulando. Indo de loja em loja, do CONIC ao Guará e a algumas cooperativas de reciclagem.
A festa seria no Lago Sul mas no caminho buscaria no aeroporto JK sua namorada. Adelaide, que depois de ter terminado seu curso de pedagogia na UnB voltara para Niterói, sua terra Natal.
Luca foi pontual mas o vôo não. Santos Dummont é sempre embaço, pra chegar ou pra sair. Luca desceu do carro e se dirigiu ao guichê da empresa aérea. Luca não conseguiu, porém, chegar ao seu destino pois sua fantasia era tão boa e bem bolada, mas tão boa e bem bolada que ao seu terceiro passo, toda a força tática já estava ao seu redor. E de nada adiantava Adelaide gritar ou espernear, nem tentar explicar, de burca fantasiada. Teriam que desarmar o homem bomba no salão de festas da Polícia Federal.
ANdar ANdré dANiel mANgiare dANças LeANdro ANaflor ANacrônicas leoANrdo ANjo mANso descANço engANo ANo ANus ANa  gANço gANgorra dANte diANte diamANte lANça pANça espANca esperANça fernANdo zANzar amANhã cANto, prANto

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

vai em paz. Fica bem. vai ficar tudo bem. Mas infelizmente terei que te tirar da minha lista de orações. Terei que te esquecer para deixar de te amar. Não sei fazer de outra forma, então transformarei amor em ódio, como atitude de primeiro passo. Alguma coisa tem de ser feita.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

presente

Dessa vez eu fiquei bem preocupado. Casa suja, chão sujo, uma pilha de roupa pra lavar e atenção zero pra mim. Minha diva, soberana, magnífica estava realmente mal. Pra mim ela era quase um auto-retrato do Van Gogh de tão triste em si que estava. Uma pintura. Parada e calada. Eu só sabia que ela ainda estava viva porque a torneira da sofrência estava ligada e, mesmo que com a falta de água já alarmante, algumas gotas aleatórias ainda caiam de seu rosto. E também as muriçocas ainda estavam ali guiadas pelo gás carbônico que saía de sua, tadinha, já fraquinha respiração.
Não comia, não dormia, não bamboleava e nem cantarolava aquelas canções que esquentavam todos os órgãos dos que por ali andavam. Quando ela estava deveras quente, em meus passeios solitários, eu ainda ouvia sua canção circulando pelas ruas do bairro. A única coisa que eu a via fazendo, vez ou outra e, a cada vez que o fazia mais triste ficava, era baixar levemente os olhos e olhar para o telefone, que à essa altura já era membro agregado à mão. Eu que mal sabia o que era esperança, tinha muitas dúvidas se isso era bom ou ruim e isso tudo parecia me contaminar.
Foram alguns dias assim e uns três telefones jogados na parede. Algumas vezes tocou a campainha e nenhuma delas ela a atendeu... Muitas vezes tocou o telefone, mas só nessa última, minha diva resolveu atender. Será que tinha a ver com aquela esperança? Não sei. O que sei é que ela enfim sorriu. Ela se lavou. Ela é linda! E mesmo que ela tenha saído assim,  sem ao menos me dar um tchauzinho-até-logo, eu me senti feliz por isso. Ela estava bem!
Passou um dia, ela não voltou. Ela também é livre. Acho que é isso que me faz gostar tanto dela. Eu senti fome, mas fui me virar sozinho. A rua sempre me foi generosa.
Passaram-se três dias e tive uma visão em um dos meus cochilos da tarde. A vi sorrindo. Sorrindo com um homem sorridente, forte, cabeludo. Me lembrou um leão. Nunca a quis tanto do meu lado como quando acordei daquele pesadelo. Será que ela também tinha fome?
Nesse momento não tive dúvidas, fui puro instinto. Quinze minutos até encontrá-lo, mais uns cinco camuflado (costumam dizer que isso só eu sinto o efeito) e mais dois ou três saltos. Issa! Tinha um ratinho gordo e novinho, entendesse, bem gostoso, suculento e macio, em minhas presas. Presente melhor, em terra não haveria. Se tivesse em mar eu buscaria pra minha dona. Mentira. Odeio água, mas se falasse a língua dela, diria a ela que buscaria o que fosse, fosse no mar, fosse no céu, para seu deleite ou felicidade. Eu tinha esperança! Essa oferenda, esse presente a traria de volta.
Caeto Melo
Deixei meu regalo bem ali no tapetinho de boas vindas. Bem que tentei fazer um laço, mas não sou bom com fios, eles acabam me atraindo de tal forma, que quando eu vi, estava tão enrolado no fio quanto em meus pensamentos por minha amada Donna. Não demorou muito e ela voltou. Contente, não tão contente, mas voltou e se deparou com minha incrível surpresa.
E agora enquanto Donna me xinga de filho da puta e se pudesse me matava, na minha devoção pela minha diva, sigo. Tudo o que eu quero é amá-la e alimentá-la, assim como muitas vezes, sempre, me fez e faz. É recíproco, nos amamos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Não piso em ovos.
Não piso em diamantes.
Folhas secas
nostalgia
Enterrada.

Hoje piso em Flores e Calos
Flores pequenas e Calos amarelos.
Inverta a ordem. Adicione ou subtraia factos.
Liberdade!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Foi só um mau jeito no coração. Jajá passa!

L'ultimo regalo

Não quero mais meu coração!
Leva, ele é todo seu.
Pra mim não tem mais serventia
e pode a ti ser precioso.
Pode te servir de step do amor:
Ache uma caixinha delicada
como aquela em que com carinho
guardas aquelas suas pedrinhas da alegria,
guarde nela o que te entrego
e ainda coloque alguns adornos.
Guarde com estima
e nem precisa trancar, é teu.
Quando sentires a vida amarga
lembre-se, meu coração é doce
nunca guardou consigo
uma mágoa nem rancor.
E quando seu harém embora for
ou estiverem ocupadas
todas essas suas senhoras,
podes usar o step do amor.
Ele saberá como ninguém
te dar o carinho que precisas,
em qualquer um dos polos que for,
abra a caixa, tem calor!



"... e me mandou o primeiro coraçãozinho no momento em que terminamos. Achei de uma compaixão sem tamanho."
"... e me mandou o primeiro coraçãozinho no momento em que terminamos. Achei de uma compaixão sem tamanho."

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

sei que vim

sei bem de onde eu vim.
e não é o lugar do por favor.
é um lugar de faz tempo,
de quando o vento vira fogo
e as coisas acontecem
porque têm de acontecer.
são tecidas na convivência
e não tem certo nem errado.
culpado não é enterrado,
pois culpa não nasce.

vim do ventre de todos os mares
pequenininha, caminhando sobre as ondas.
vim feita de ar.

do tempo que vim
ninguém manda em ninguém;
obedecemos a natureza.
caçamos, casamos, cantamos e somos voz.

venho do tempo em que a vida é generosa
e lá somos todos também.
no tempo que eu vim dele, amor não se nomeia,
não é perdão, não é razão,
e muito menos causa dor.


nesse tempo que agora sou,
estou sem saber estar.
perdi minhas asas no caminho
e  no novo busco a chave da porta secreta,
onde detrás estão escondidas
as asas de todo meu povo.

identidade

com tudo que é de sofrer
eu to me identificando
me sinto a cara da derrota
sempre perdendo
esquecendo de vencer
quando acho alguma coisa
é incerteza ou confusão

com tudo que é de amor
sempre me identifico
também de um amor que é egoísta
e nada tem com compaixão

que tudo que é saudade
faço de mim isso que é
um ser sem presente ativo
que já conhece o lugar da angústia
e nele se acomoda ainda,
com luxuosidade e despojo plenos.