sei bem de onde eu vim.
e não é o lugar do por favor.
é um lugar de faz tempo,
de quando o vento vira fogo
e as coisas acontecem
porque têm de acontecer.
são tecidas na convivência
e não tem certo nem errado.
culpado não é enterrado,
pois culpa não nasce.
vim do ventre de todos os mares
pequenininha, caminhando sobre as ondas.
vim feita de ar.
do tempo que vim
ninguém manda em ninguém;
obedecemos a natureza.
caçamos, casamos, cantamos e somos voz.
venho do tempo em que a vida é generosa
e lá somos todos também.
no tempo que eu vim dele, amor não se nomeia,
não é perdão, não é razão,
e muito menos causa dor.
nesse tempo que agora sou,
estou sem saber estar.
perdi minhas asas no caminho
e no novo busco a chave da porta secreta,
onde detrás estão escondidas
as asas de todo meu povo.
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