quarta-feira, 6 de maio de 2015

Do tempo em que fui amante de um Pé


Fui seduzida por um pé,
no auge do outono ele nu.
Demonstrava um bom dote
e experiência a bastante.
Fomos com devagar,
com calma, passo-a-passo.

Me pareceu bem parceiro,
caminhando sempre junto,
firme, pé nu chão.
Sempre umas paradas
sem pé nem cabeça.
Mas pé nu chão.

Era impressionante como
me deixava aos seus pés
com os pés nas costas.
E de pé de breque que sou,
o que ele me falava ao pé do ouvido,
eu entendia ao pé da letra.
Com uma só pinçada,
eu, que era acostumada a dar no pé,
fiquei.
Ele gostava de samba,
e não era um pé de valsa.
Entrei sem saber se dava pé pra mim.

E era um pega no pé de lá
e um pega no pé de cá,
Que o que mais tentei evitar
foi o inevitável pé na bunda.
E de tanto pé na bunda
virou um pé no saco.
Foi um tiro no pé?

Não meti os pés pelas mãos,
e de repente, o pé de guerra
estava à um passo de se resolver
e avançar na caminhada.

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