sábado, 31 de dezembro de 2011

longe de me sentir obrigada
a sentar a a bunda na cadeira giratória
e só de lá levantar quando a poesia estiver pronta
nem escrever eu quero mais
escrevo pois é compulsório
não necessário, e nem obrigatório
mas é escrever, é assim
se escreve quando quer
se escreve o que na cabeça pareça ter sentido
o que o corpo possa ter sentido
se escreve de amor e dor
e na filosofia, com a rima fácil ou não, presuntiva e banal
lá está, a poesia, primeira ou ultima
ou um poema simples pra não virar o ano em branco.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

queima-se uma biblioteca

quem na tranca é o melhor
não é melhor que S. Euclides.
pra ser querido, desse jeito,
la no morro do querosene,
só com os longos anos que acumulou
naquela velha camisa xadrez
meia manga, logo digo,
e ele foi um grande amigo
pois quando
na sinuca mata-mata
não ganhava, era apenas
quando queria fazer alegre
todo e qualquer oponente
e ganhar a dose de cafezinho
que há uns longos 5 minutos
não tomava com tanto prazer.

queima-se uma biblioteca.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

se quisesres ficar em minha terra
terás que conhecê-la
todos os seus segredos
revelados na partilha do vinho de jatobá
não sou assim tão delicada,
se quiseres, podes tocar.
as rosas geralmente tem esse jeito,
de longe, são vulneráveis
de perto um pouco mais

mas temos nossas próprias defesas;
não queira me proteger do inverno

no começo da primavera.

Guaraci

Nunca tive cafetão
e vadiar é só o que faço.
Mas nem por isso, mangue d'eu.
Minha navalha, afio todo dia.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

das ressacas
evite a moral
as outras logo passam.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

já ouviu meu nome por aí?

quando amacio meu próprio ego
me recorrendo a antigas criações
quando mesmo evitando espelho no quarto
passo nas ruas com meus olhos colados aos vidros
sempre atenta ao excesso na largura
quando pergunto ao carinha do bar se já havia nessa vida
de mim ouvido falar

pro meu próprio bem, assim pensando, ainda como os pêssegos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

reflexo

com todo cuidado pra água não cair do aquário, nossas almas, gemelas ,vão a galope no touro. mas sabe-se lá deus e a devida nossa senhora pra situação, onde esse touro vai parar.
talvez não pare. talvez.
acho que orion nos guia.

gostamos de vitrola, nina, simone, gil, jorge e jurubeba.
de alcachofra, selos, seios, flores, empanada, sabiás na madrugada e de poesias do tostes. poemas tostados.
gostamos de falar, resolver com a boca, resolver com a língua.

evitavos espelho no quarto


não gostamos, vai vendo, quando um dorme antes do outro.




eu não gosto de panquecas e ele, que ainda não aprendeu a gostar de Clarisse, não sabe tocar violão.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

o sabiá - il tordo


















il tordo che mi è svegliato ogni giorno

adesso dorme con me

e si sveglia solo quando chiamo.

"Vieni, tordo

Vieni a prendere una dolce goccia d'acqua

e mangi un po 'di mora."

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ode às Andorinhas

é que no inverno eu sofro,
no inverno eu sinto dor.
enquanto não passa esse interno
meu amor não me quer,
sem amor
sin patia.
acho que é o porquê do frio
e assim são as contradições da vida.
então, Andorinha,
reconheço saudade
e também conforto,
e mesmo vindo de uma só
me traz ao menos esperança,
de que levarás minha tristeza às outras
que nos trarão o verão!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aulas de Tânia Macêdo n.1

fartura e regurgito
comércio e banco
água luz e telefone
o "Jardins" do pedaço
com seus holofotes voltados
para os homens ajoelhados,
quase invejosos,
e submetidos
àquela violência ainda colonial.
ajoelhados homens
que dão vida
à "Mussaques" e "Kubatas"
e às aduelas de barril.
e lá, na Kissama
já era nascido o Turra,
filho de Hoji,
o Prometeu africano,
que viria me trazer
LUTA E RESISTÊNCIA
isso ainda muito longe da última rua de asfalto.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

velho lavrador




















É tempo de saber
e o velho lavrador
das coisas sabe.

Das coisas do sol,
quando nasce e se põe,
da colheita do arroz
coisas de antes e depois.

Com calma e disciplina
de quase tudo sabe,
o velho lavrador,

que foi chamar a moça pra ver
como tudo aquilo se dava.

E o tempo que passou
ainda era de saber
e a moça apaixonada
no meio do bambuzal
aproveitou o aprendizado
ensinando o Lavrador
a esquecer tantos deveres
mas não, claro, todos eles
e amar como animal.

domingo, 14 de agosto de 2011

Oya Sumi (u?)

Oya, minha Mãe,
aquele não me deixa dormir.
mais sinto sono
(do) que qualquer outra coisa pod(er)ia sentir.
um sono que com o sonho se mistura,
sono que não me deixa sonhar
e
a lua e Agosto
com virgem se aproximando
vem deixando-me transtornada
com tamanha disciplina
e sempre com leveza
que acho que não estou realmente entendo
o representa isso
nem a quem querendo enganar com tamanha dúvida.
me guia, Mãe
e aquele escudo me empresta.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A roda de Manoel

S. Manoel quem me chamou
por isso vim
Ver a roda girar
e girar na roda que sinto
Catar pedrinhas
miudezas
refleti-las
e soltar no mundo
(aprendendo a jogar).

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tá rolando uma luta braba aqui na minha cabeça.
A Ordem e o Caos querendo me guvernar.
Eu mesma já disse pra eles entrarem num acordo, mas enquanto isso não rola, cabe a mim acordar!

domingo, 7 de agosto de 2011

Mais dói
e se doer soubesse
o bem que me traz
creio,
não me doía tanto.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

muito sincero no som
mega bass sangue bom
quase doido doidon
jo nel mar salezon
sinto shanti e om
eu você e o shandon
doce miel de ilusion

e com que culpa me pagas?

eu não quero culpa em mim
pra mim
por mim
não tenho
sinto vivo
e cada vez mais
amo
e se quiseres amar, vem comigo
e não se esqueça que é simples, princípio primeiro.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um clima. Um dente. Uma jóia. Um vaqueiro arriado. Uma dor no coração. Um rio seco. Uma garganta seca. Um ventre virado. O tempo virou.

domingo, 24 de julho de 2011

Vou saudar Chico Minêro, vou pras bandas do Goiás.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

aquela camisa rasgada com o calção de futebol.
malandragem dá um tempo.
deixa meu coração respirar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

fotogafia

Sinto saber que aquelas fotos
são apenas ilusão
de uma lembrança perpétua
de sentimentos puros e efêmeros.
Meu amor que ficou pra traz
já não lembra de mim.
Não me ve em seus sonhos e perdeu sua segurança
ao me passar sua guia, progida por Ewà.
Sou agora resposável
pela segurança de quem me segurou e amarrou.

-Teus olhos, meus olhos -os olhos- eles choram em meu punho
e Santa Luzia ampara essa emoção.
Nos guia
Nos proteje.
Ela com a nossa, eu com a tua e tu com a minha.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

se eu não voltar

Se para o ano
não me encontrares na promessa
já te preocupe não é festa
alguma coisa aconteceu

Jamais iria
me esquecer do meu compromisso
e saiba que tudo isso
é muito sério para mim

Meu São Marçal
que esse ano me abençoou
e que firmou nosso amor
não ficaria sem a minha graça

Então
vens atrás de mim
me procure sim
saiba o que aconteceu

Mas não
deixes tua missão
que nosso santo é maior
do que meu pobre coração.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

huida



















Um eclipse rolava em minha janela
e já quase partia, tão belo
e sem ao menos despedir-se.
Estava subindo, fugindo de minha vista cansada,
amargurada vista de poeira e solidão.
Vista cansada de ver, ouvido surdo por opção, fez bem ao não falar.
Foi quando eu chamei e ela ouviu,
nem sei porque ouviu, que minha voz já era tão falha,
exaurida de eternamente chamar
num vasto eco acústico estridente
da crina do cavalo à taquara rachada.

Num disse nada, nem eu disse, não dançou, não despiu-se,
mas me olhou. Olhou pra mim como se não visse o que todos teimavam em ver.



Me deu um banho de luz e anoiteci na noite que lua me propôs.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

acho que o povo perdeu mesmo a noção, não me excluo não, mas calma lá.
até onde vai sua estrada?
me agoniza até a alma esse fingir ser, essa vontade de querer aquilo que não é, sem deixar o movimento natural do sentir e querer, atropelado pelo olhar com despeito ao que nem se sabe se feliz é.
impurezas assumidas e ainda mascaradas, nada é puro senão a água vinda da fonte ou o sorriso de criança, até onde sei, e não me venha com ironias, cachaças ou puro creme do milho. pureza....
espontaneidade ensaiada por árduas horas sob um sol à pino.
mascaras de ferro que quando tiradas revelam aquele rosto de anos ser sem saber o que é, o que realmente é, leva tempo eu sei, se descobrir, mas como Picasso, pinto o que conheço, e não me faço de invenções.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

maú
dadi
maú
dadi
dadi
dadó,
maú
bem aqui
o sol poeta
numa calma que me afeta
mesmo fingindo
me convém

me convém se
o dia é bom
se na tempestade
destruo
o impuro e
purifico cada ser de minha alma