quarta-feira, 30 de setembro de 2015

esse não sou eu

eu não bebo coca cola
eu não como bicho morto
eu não minto
e nem agrido as pessoas.
ó, céus,
esse não sou eu!
entendi; sou uma versão.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Conselhos, consertos, concertos e pequenos serviços manuais.

primavera carioca

Jasmins
Fosforescentes
Na Saens Peña.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sonhei contigo distante
de chapéu verde panamá
e camisa verde também verde

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Passatempo


A tempestade passou. O sol brilha e com o tempo a sombra vai passando, muda daqui para ali, modificando suas formas e alterando identidades. Também mudam as flores, as folhas, os papeis de balinha e os santinhos dos candidatos. Também mudam daqui para ali toda vez que o vento passa. As crianças brincam na rua, que agora é de terra, mas não se sabe bem se é de terra ainda ou é terra . Elas, as crianças, quase nunca passam, elas quase sempre estão.

Passam dias de sol. Passam dias de chuva. Os dias passam. As moças, de saia ou shorts, passam. Latas d’água em cabeças descem e sobem o morro sem um interrupto momento, e também aqui não se sabe dizer quando cheias ou vazias.

Nos pés, o que mais passam, de couro, plástico ou meia, são as bolas. Passam e quase despassam de tanto que passam. E os meninos que as transpassam têm nas vidas as idades das crianças. Nove, Seis, Três. Cinco, Quatro e Doze. A menina tem 10 e é cada passe! São todos sem camisa e a menina é também. Têm seus semblantes felizes, mas alguma coisa nítida em todos os olhos tira toda possibilidade de tranqüilidade plena. Estão ali brincando, e é a vida que segue. Ali se aprende a cair e  levantar.

Passam passos, passistas, sambistas e a banda que fala amor. O jardineiro e a flor. O bonde, o motorista e o cobrador. Tudo passa. Trans passa, frutinha passa, machismo passa.

Passa o Tucano, o Bem-te-vi e a Sabiá. Andorinhas trazem verão. Pássaros em bando voam em revoada. Passarinhos.

No meio dia ou alvorada, crepúsculo ou madrugada passam por ali todos os planos do sistema.
Marechais, Generais, coronéis. Tenente, Major, Capitão. Cabo de cabo-a-rabo e os que são aspirantes. Aviões são as estrelas passando.
Bala de AK pra cá, bala de AK pra lá, papeis de balinha do chão e são mileduzentos tiros atirados por cada homem da lei, a cada minuto que passa, e nesses cada “um minuto” são alcançados dezoitomil raios de metros para se alvejar. Tudo agora passa num piscar de olhos.
No lugar onde se aprende a cair e levantar, três daqueles meninos, que tinham nas vidas as idades das crianças, caíram mas não levantaram. Passa sempre a guerra.

A tempestade passou. O sol brilha e com o tempo a sombra vai passando, muda daqui para ali, modificando suas formas e alterando identidades. Também mudam as flores, as folhas, os papeis de balinha e os santinhos dos candidatos. Também mudam daqui para ali toda vez que o vento passa. As crianças brincam na rua, que agora é de terra, mas não se sabe bem se é de terra ainda ou é terra . Elas, as crianças, quase nunca passam, elas quase sempre estão.