sexta-feira, 26 de maio de 2017

lei do ventre livre

Ei, sinhô-sinhozin!
Não vem me saborear.
Sou doce e não sou fina
(me considerará intragável).

Feroz, sim,
Mas não sou seu animal.
Na minha fala tem diálogo
E no meu diálogo tem dor.
Lido com o sofrimento,
Recebo e acalento a morte.
Eu estou aqui!
Eu fui, sou, e ainda seremos.

Me rio de mim,
Aprendi a nadar com as águas
Mas não sou cômica.
Não ando engraçado .
Não danço engraçado.
Tampouco engraçada é minha língua.

Não sou Joana, não sou Isaura.
Na ponta da azagaia que eu te lanço tem veneno.
Não sou Iracema, não sou Irecê.
Sou Jacuí, guardo o submundo e voo com os pássaros.

Essa gota que você esconde
Por se imaginar segregado,
É a gota quente de que me orgulho, e que se valha meu passado!
Eu estou aqui!
Eu fui, sou, e ainda seremos.
Minha autonomia construo sem vingança
E você bem sabe que por si próprio
Foram construídas suas noites mal dormidas.

Não sou minoria, bem,
Sou a própria natureza.

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