Amo na vida as coisas que têm sumo
 E oferecem matéria onde pegar
 Amo a noite, amo a música, amo o mar
 Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.
  
 Por isso amo o caju, em que resumo
 Esse materialismo elementar
 Fruto de cica, fruto de manchar
 Sempre mordaz, constantemente a prumo.
  
 Amo vê-lo agarrado ao cajueiro
 À beira-mar, a copular com o galho
 A castanha brutal como que tesa:
  
 O único fruto – não fruta – brasileiro
 Que possui consistência de caralho
 E carrega um culhão na natureza.
Vinícius de Moraes
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