quinta-feira, 21 de maio de 2015

mais um chá

Eram 18:27, a água fervia na chaleira,
mas ainda selecionávamos as ervas que caberiam naquele momento de extrema aflição.
Uma angústia tamanha
que só não se sabia muito bem de onde vinha porquê as fontes eram inúmeras
e em suas ramificações a confusão fazia estadia.
Ele um chá de morango e eu de lichia da china.

barba azul - a queda a destruição


a destruição não começou hoje
ela nasce de um momento feliz
nasce na ternura a destruição.

de um suspiro de gozo
e de um sorriso gostoso.

mate o Barba Azul!

tempestade intensa calmaria propensa

pesadelo, tosse: noite mal dormida
companhia esguia: susto
toca telefone: viagem cancelada
caracol: coração partido
(dominó: jogar com displicência)
amigo, compaixão: sonografia
meio dia: fome
auxílio negado: choro agora veio,
e se manterá por um mês
geladeira quebrada: técnico=diabo eu=cruz
espinha na bunda: dádiva luz.
divina luz.

pisar em bosta ou ser atingido por ela: relaxe, pura sorte.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O rasante do tempo real

Rasante sem começo nem fim.
Durante,
num surreal possível
universo paralelo,
tempo real voou.

Novamente pós Sol,
Lá Si Fá Mi papagaio.
(não vi mesmo se foi, mas prometeu voltar)
Aí Dó de quem perde um companheiro
e ainda vira Ré no juízo da saudade.

Inteiro nunca foi,
mas é certo o incompleto
(C)alado, quieto, seca,
sede cede e sente deserto.

Sonho secreto quando os doces todos não foram
comidos por formigas.
Arrenego de minh'âncora,
que no céu não brinca em nuvens.

O que vi já era terra
rua em rua
em cidades e vilas.
Terras ativas
semeadas flor em flor.

Pouso em pouso
tudo se refazia,
e procurando acordar suas trocas,
as identidades variantes,
no caminho de dentro pra fora,
surgiam a cada suspiro sugerido.

Rodar na roda
e um mundo de estórias ainda por contar.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Do tempo em que fui amante de um Pé


Fui seduzida por um pé,
no auge do outono ele nu.
Demonstrava um bom dote
e experiência a bastante.
Fomos com devagar,
com calma, passo-a-passo.

Me pareceu bem parceiro,
caminhando sempre junto,
firme, pé nu chão.
Sempre umas paradas
sem pé nem cabeça.
Mas pé nu chão.

Era impressionante como
me deixava aos seus pés
com os pés nas costas.
E de pé de breque que sou,
o que ele me falava ao pé do ouvido,
eu entendia ao pé da letra.
Com uma só pinçada,
eu, que era acostumada a dar no pé,
fiquei.
Ele gostava de samba,
e não era um pé de valsa.
Entrei sem saber se dava pé pra mim.

E era um pega no pé de lá
e um pega no pé de cá,
Que o que mais tentei evitar
foi o inevitável pé na bunda.
E de tanto pé na bunda
virou um pé no saco.
Foi um tiro no pé?

Não meti os pés pelas mãos,
e de repente, o pé de guerra
estava à um passo de se resolver
e avançar na caminhada.