quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

qual é o sentido de se fazer declaração em público pra quem não se faz pessoalmente?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

via 2 de julho

salvador me fode de quatro.
quer me foder e me fode de quatro.
fui bailar com o buzu,
e acredita, cabeça,
que ele pisou em meu pé?
não sabia dançar
e era muito grande pra mim,
mas sim, no carnaval
pouco importa e menos dói.
saí mancando, mas feliz,
e ainda saltitante.
pelada e saltitante,
preguiça e depois mar,
e ainda com uns penduricalhos,
independência!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

desprezo solidão

acabo de me lembrar
que já meia tarde é
acordei meia manhã
inda nem tomei café

cansou

tão mal. aqui em mim
e meu eu-lírico,
 cansado do eu
e de tanto sofrimento
na verdade farto
de tanto alimento
grita. explode. me toma
e ganha o mundo
mudando meu foco
tranquilizando meu ser em mim.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

chorei de tão eu agora estava

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

a minha vida em São Paulo (e não sei de quantos mais)

Aí as pessoas falam: "Acho que você tem que sair um pouco de São Paulo. Não sei. Tomar um ar fresco. Respirar de verdade sabe. Andar um pouco e dar um mergulho.Viver uma cachoeira! Entrar de baixo de uma queda.  Dá uma chacoalhada na vida." Dar uma chacoalhada na vida você tá querendo me dizer acordar? Tipo, alou, a vida está aí. Entendi. Tipo uma queda. Quedas fazem isso mesmo, mas não sei com que eficiência, meu corpo é um baú, que guarda relíquias em forma de cicatrizes literais. Tapas na cara também são ótimos despertadores, mas esses no sentido figurativo, e me parece que os tapas na cara que São Paulo dá na gente não são nada figurativos. Ela é agressiva, é autoritária. Vive nos dizendo: " E aí, vai ficar aí rolezinho? Andando de mão dada? Tocando um violão ou o quê?"
É muita coisa. É muita coisa atrapalhada na cabeça.
Acho que esses gazes conduzem à nebulosidade lógica. Depressão. Amigos que dizem que estão perto mas não estão. A cocaína. Ah, que bom que ela não existe mais em minha vida.
O amor. Não sabem amar. Não querem amar. São egoístas e não querem dar o que não tem.
E é isso que eu sinto. Me sinto envelhecendo em São Paulo. No mesmo esquema quatrocentão, sem criatividade. Me sinto cada vez mais parecida com a Brigite Bardot do Tom Zé. Velha, triste e sozinha. Velha para lançar o meu primeiro livro.
E se vivo no meio de um povo maluco e masoquista, também me sinto maluca e masoquista. E é claro que tudo isso não acontece só aqui, mas acho que a  falta de tempo que as pessoas tem para perceber o quanto importante é dividir e comungar, causada pelo excesso de devoção ao trabalho, a inveja, a cobiça, disfarçadas de ambição e garra. Isso se mostra bem mais claro e nítido aqui. Sem nenhum nível de astigmatismo que nuble isso aos meus olhos.
Fico triste que os grandes artistas não tenham conseguido amolecer esse coração acimentado. Foi isso. Chegaram com aquela maquinona medonha, um daqueles monstros típicos daqui, a bitoleira, essa grande o suficiente, que coubesse o todo o cimento para encobrir a Grande São Paulo.
Eu parei de culpar o mundo pelos meus problemas, mas não paro de culpar a São Paulo.

toque gourmet


um tanto cremoso,
mas envolto em um crocante
que a finalização me finda:
é um cara gostoso.

fonte nossa

ela é uma fonte de mistério
que eu adoro dar goladas.

alguns goles descem quadrados
e quase não descem.
e todos descem pra fonte.

nas vezes em que me engasgo
é por tamanha descoberta:
ela é molhada
me sacia.
sacia e banha o mundo.

a cada gole me surpreendo
e a cada descoberta um novo enigma
ela é uma constante caça ao tesouro.

preterida

não sei o que dizer quando os meus ideais se conflitam com o ideal de um ídolo. é um não saber profundo, cheio de sentimentos indecifrados. um não saber.
profundos, sentidos à um palmo abaixo da garganta. nesse chacra que mais parece um vazio de angústia.
angústia então é um vazio? angústia está presente quando se espera algo. esse presente que é o presente precisa de reverência! esperar algo é semente de frustração por uma resposta. receba vazio de sentimento e um cheio de "princípio e fundamento", tudo reconstruído, uma cópia fiel e descontextualizada.
nunca me senti pertencente à esse mundo. sou aquariana e sei que vim de Vênus. não consigo esquecer meu antigo paraíso. não e existia bem e mal e o amor, por ser inerente, não era nomeado. um mundo livre e coerente. depressão do eu aqui.
os seres daqui tem expectativa para com meu ser. tais expectativas não são sempre atendidas e o olhar é a repreensão.
já nem quero entrar no quartinho. no quartinho é onde a hierarquia impera, se faz acontecer de forma brutalmente brilhante. relações não horizontais eu tô fora. respeito aos mais velhos, mas não à tirania. relações verticais não. não. intenso, verdadeiro, e não superficial. verdadeiro. respeitoso.
não caia nessa de poder, meu velho. não caia. preterimento e preferimento e o castigo ainda existe. somos atuais é tão arcaico punir.
esse mundo cheio de ísmos onde a razão se anula pura e simplesmente por ser ísmo. machismo = feminismo. e a minha luta não é por igualdade, mas sim por reconhecimento e acolhimento de cada singularidade.